Ao convidar meus alunos de “Filosofia e Ética” a ouvir algumas lições de Sócrates, confrontei-me com uma sabedoria que se mostra demasiado simples: o que temos a aprender verdadeiramente com nós mesmos? O que tenho entendido, nestes primeiros dias de setembro, é que o retorno a si mesmo, o voltar o olhar para cada um de nós, é tarefa penosa que revela um bocado daquilo que sempre permanece esquecido em nosso dia-a-dia. Não compreendemos verdadeiramente quem somos se não experimentamos a solidão. E o que é mais difícil de afirmar é a necessidade de que devemos estar a sós em meio a uma multidão que cega nossos olhos para uma interioridade que, temo, está desaparecendo em meio a um mundo cada vez mais acelerado e mais convidativo para o entretenimento. Creio, assim, que o entretenimento é o grande flagelo de nossos tempos modernos. Com nossa inteligência dispersa em uma série de problemas sociais e de prazeres coletivos, acabamos de olhos bem fechados para nós mesmos.
Sócrates, o velho tagarela que sempre interrogava seus compatriotas sobre a verdade de seus conhecimentos, parece ter deixado algumas lições imprescindíveis para a verdadeira sabedoria: coloca-te sob suspeita! Mas, o que este duvidar de si mesmo pode nos dar? Quem está, hoje, dois mil e quatrocentos anos após a sua morte, disposto a abrir mão de todo prazer imediato, de todos os convites que o mundo moderno tem a nos ofertar, para se voltar para si mesmo e buscar, a partir de si, um conhecimento que seja ao mesmo tempo simples e revelador?
O nosso mundo parece ter transformado a arte em entretenimento: a arte já não é a revelação do espírito, e sim o seu mais fugaz passa-tempo. A música, que educada o espírito para o sentimento sublime, é hoje um barulho que agita o corpo, e torna a alma ainda mais estranha a si mesma. Nossa educação tem se tornado um treinamento que promete uma profissão, nada mais. Neste sentido, penso estarmos muito ocupados para compreender realmente o que Sócrates propunha: o conhecimento de si mesmo é a suprema tarefa capaz de libertar o homem de suas amarras sociais, capaz de libertá-lo da prisão das convenções sociais, esta falsa noção de verdade que tem se tornado a grande mentira das sociedades de massa. Rir de si mesmo, assim compreendo toda grande sabedoria. Mas o riso, insisto, este não se levar a sério, nos dá, primeiramente, a grande angústia que pode nos despertar para o pensamento. O riso nos dá, para além deste primeiro momento angustiante de se descobrir um ser vazio, toda possibilidade de alegria. É preciso, assim, inicialmente convidar-se a si mesmo para o debate, para a revisão dos próprios valores que guiam nossas ações, e, num segundo momento, quando se descobre a fragilidade de nosso próprio ser, enfrentar o mundo e suas mentiras para, no final, descobrir a verdadeira arte de se estar no mundo, a sublime e divina arte de sorrir!
Sócrates, se levado a sério, deixará cada um de nós confuso e em estado de perplexidade, e é aí que se dá o início de uma aventura que poucos hoje em dia se dispõem a buscar: a aventura do pensamento, a arte de pensar.
Sócrates, o velho tagarela que sempre interrogava seus compatriotas sobre a verdade de seus conhecimentos, parece ter deixado algumas lições imprescindíveis para a verdadeira sabedoria: coloca-te sob suspeita! Mas, o que este duvidar de si mesmo pode nos dar? Quem está, hoje, dois mil e quatrocentos anos após a sua morte, disposto a abrir mão de todo prazer imediato, de todos os convites que o mundo moderno tem a nos ofertar, para se voltar para si mesmo e buscar, a partir de si, um conhecimento que seja ao mesmo tempo simples e revelador?
O nosso mundo parece ter transformado a arte em entretenimento: a arte já não é a revelação do espírito, e sim o seu mais fugaz passa-tempo. A música, que educada o espírito para o sentimento sublime, é hoje um barulho que agita o corpo, e torna a alma ainda mais estranha a si mesma. Nossa educação tem se tornado um treinamento que promete uma profissão, nada mais. Neste sentido, penso estarmos muito ocupados para compreender realmente o que Sócrates propunha: o conhecimento de si mesmo é a suprema tarefa capaz de libertar o homem de suas amarras sociais, capaz de libertá-lo da prisão das convenções sociais, esta falsa noção de verdade que tem se tornado a grande mentira das sociedades de massa. Rir de si mesmo, assim compreendo toda grande sabedoria. Mas o riso, insisto, este não se levar a sério, nos dá, primeiramente, a grande angústia que pode nos despertar para o pensamento. O riso nos dá, para além deste primeiro momento angustiante de se descobrir um ser vazio, toda possibilidade de alegria. É preciso, assim, inicialmente convidar-se a si mesmo para o debate, para a revisão dos próprios valores que guiam nossas ações, e, num segundo momento, quando se descobre a fragilidade de nosso próprio ser, enfrentar o mundo e suas mentiras para, no final, descobrir a verdadeira arte de se estar no mundo, a sublime e divina arte de sorrir!
Sócrates, se levado a sério, deixará cada um de nós confuso e em estado de perplexidade, e é aí que se dá o início de uma aventura que poucos hoje em dia se dispõem a buscar: a aventura do pensamento, a arte de pensar.